quarta-feira, 1 de junho de 2011

CINEASTA DO MÊS DE JUNHO DE 2011 - BERNARDO BERTOLUCCI

Filho do famoso poeta e crítico Attilio Bertolucci, Bernardo nasceu em 16 de março de 1940, em Parma. A paixão pelo cinema foi cultivada desde cedo por seu pai, e o ambiente familiar levou o jovem a dirigir seus primeiros curtas ainda na adolescência. Além do cinema, Bertolucci se interessava pela literatura, publicando In Cerca del Mistero, obra escrita em versos, no início dos anos 60. O livro lhe rendeu o prêmio de literatura Viareggio, um dos mais importantes da Itália, em 1962. Através da influência paterna, iniciou sua carreira cinematográfica como assistente de Pier Paolo Pasolini em Desajuste Social (1961), estreia do polêmico diretor. Nesse mesmo período, estreou na direção de longa-metragem com o drama A Morte (La Commare Secca) e, em 1964, realizou Antes da Revolução, sobre um jovem idealista, simpatizante da esquerda italiana, que acaba por se render ao establishment. Ainda nos anos 60, colaborou no roteiro do clássico Era uma Vez no Oeste(1968), do mestre Sergio Leone.
Foi somente no início dos anos 70 que Bertolucci realizou sua obra-prima, O Conformista(1970), adaptação do romance homônimo de Alberto Moravia. O filme participou de importantes festivais internacionais, e chegou a ser indicado ao Oscar® de roteiro adaptado. A longa e proveitosa colaboração com o diretor de fotografia Vittorio Storaro, iniciada na virada dos anos 70, com O Conformista e A Estratégia da Aranha (1970), produzido para a TV italiana e adaptado de conto de Jorge Luis Borges, prosseguiu em diversos outros filmes – como O Último Tango em Paris (1972). Estrelado por Marlon Brando (1924-2004), em uma de suas melhores interpretações, e pela novata Maria Schneider (1952-2011), esse visceral estudo da sexualidade e da solidão chocou o público por sua forte carga erótica.

A última colaboração entre Bertolucci e Storaro aconteceu em 1994, com O Pequeno Buda(1993). O incansável Ennio Morricone, compositor da trilha sonora de Partner (1968), O Conformista1900 (1976), La Luna (1979) e A Tragédia de um Homem Ridículo (1981, ainda inédito em DVD no Brasil), e o japonês Ryûichi Sakamoto, responsável pela música deO Último Imperador (1986), O Céu que nos Protege (1990) e O Pequeno Buda (1993), são outros grandes parceiros do cineasta. Em sua filmografia, Bertolucci apresenta diferentes representações do passado e as dificuldades de sua geração para preservar sua identidade em meio a regimes fascistas, convenções burguesas e ideais político-filosóficos contraditórios. O sucesso de O Último Tango em Paris tornou possível produções temática e financeiramente mais ambiciosas, como a superprodução 1900 (1976) e a “trilogia do Oriente”, formada por O Último Imperador, vencedor de 9 prêmios Oscar, incluindo melhor direção; O Céu que nos Protege, adaptação do romance de Paul Bowles; e O Pequeno Buda, com Keanu Reeves.

Nesses trabalhos, marcados pela produção requintada e belas composições de cena, o cineasta abordou de forma franca a sexualidade de personagens quase sempre envolvidos em algum conflito político ou existencial. Ausente das câmeras desde Os Sonhadores (2003), em que revisita os revolucionários anos 60, Bernardo Bertolucci é o grande homenageado do Festival de Cannes de 2011. Atualmente com 71 anos, ele se locomove por meio de uma cadeira de rodas, devido a um problema na coluna. Na abertura do festival, realizada no dia 11 de maio deste ano, o cineasta recebeu uma Palma de Ouro especial pelo conjunto da obra e dedicou a honraria a “todos os italianos que ainda têm força para lutar, criticar, se indignar”.


TRAILERS BERTOLUCCI